O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia, as Polícias Civil e Militar e a Superintendência da Receita Estadual de Uberlândia deflagraram sexta-feira (27), a operação Má Influência, voltada ao enfrentamento do tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, sonegação tributária, entre outros crimes apurados em inquéritos policiais, cujas investigações conjuntas ocorrem há mais de um ano por meio da união de esforços entre as forças do sistema de Justiça da cidade de Uberlândia.
Segundo as apurações, os investigados associaram-se para ocultar e dissimular a origem, propriedade, natureza e localização de bens direitos e valores provenientes direta ou indiretamente de infrações criminais, mediante prática de diversas condutas fraudulentas e utilização de interpostas pessoas físicas e jurídicas.
Um dos alvos da operação era elemento de conexão entre diversos integrantes de organizações criminosas e se dedicava a exercer o suposto papel de influenciador digital em redes sociais, não obstante realizava diversos delitos, entre os quais tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Verificou-se ainda que os suspeitos utilizavam diversas estratégias para lavar dinheiro, como aquisição de imóveis por meio de interpostas pessoas, usando de expedientes fraudulentos, compra e venda de veículos de luxo, mescla de valores provenientes de crimes com valores lícitos utilizados em empresas, recebimento de diversas quantias fracionadas em pequenos valores em contas correntes com consequente transferência para contas de pessoas jurídicas, entre outras condutas.
Um dos investigados da operação foi responsável por intermediar transações financeiras por meio de movimentações de valores em contas bancárias e conversão de valores provenientes da lavagem de dinheiro em bens de luxo. Ele utilizava suas contas bancárias pessoais para receber valores provenientes, direta ou indiretamente, de infrações criminais, e, posteriormente, realizava transferências bancárias para intermediários e destinatários finais. Após dissimular a origem dos valores, o suspeito adquiria bens de luxo, tais como lanchas, veículos de luxo e joias, posteriormente vendidos e transferidos em um processo de reciclagem de ativos.
Além disso, verificou-se a prática de tráfico de drogas cometido por investigados na operação, em associação com um profissional da saúde, que também foi denunciado pelo MPMG. As investigações demonstraram que um dos suspeitos adquiriu hormônio do crescimento humano, vulgarmente conhecido como “GH”, com a utilização de receitas falsas, preenchidas com dados fraudados de pessoas físicas, incorrendo em condutas previstas na Lei 11.343/2006. Existem provas de que o investigado comercializava tais hormônios do crescimento, além de outros anabolizantes que tem a venda controlada, conforme previsão da portaria SVS n° 344 da Anvisa.
No intuito de justificar a origem do dinheiro, os suspeitos realizavam transferências bancárias para contas correntes de empresas pertencentes a integrantes da família do alvo principal, além de outras pessoas físicas e jurídicas, as quais também são investigadas. Identificou-se que as empresas tinham nome fantasia em referência à família, mas eram constituídas em nome de terceiros, os quais também serão investigados.
Outra prática ilícita do principal suspeito é a comercialização clandestina de aparelhos celulares, sem recolhimento de impostos e sem fornecimento de notas fiscais aos consumidores, conduta realizada para reciclagem dos ativos obtidos em fases anteriores do processo de lavagem de dinheiro. As análises de dados bancários do investigado e outras provas demonstraram movimentação incompatível com sua renda declarada, além de constatar que o alvo central da investigação recebeu parcelas do auxílio emergencial pago pelo Governo Federal destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, durante a pandemia de Covid-19.
Uma das características principais dos alvos da operação era garantir a aparência de uma vida honesta e rica em redes sociais, tentando justificar o sucesso de suas “conquistas” à intervenção divina, quando, na realidade, estavam inseridos em um intricado esquema de lavagem de dinheiro. Um dos alvos principais declara que é influenciador digital, ostentando em suas redes sociais a posse de bens que foram, supostamente, adquiridos com os produtos e proveitos de infrações criminais.